segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

TRATAMENTO DA ÁGUA DE CISTERNA


A manutenção da qualidade da água adequada para o consumo implica em adotar medidas 
a fim de evitar contaminações, as quais dividem-se, basicamente, em dois grupos: a adoção de 
ações que visam criar uma barreira física aos  possíveis contaminantes e a aplicação de 
tratamentos da água da cisterna. 

Quando a água é oriunda de água de chuva e de caminhões pipa, com a garantia de ser 
potável, as medidas que fornecem uma barreira física aos contaminantes e a manutenção 
adequada da cisterna, em geral, são suficientes para manter a qualidade da água. Cuidados de 
limpeza e manutenção do sistema de coleta; limpezas periódicas da cisterna; utilização de 
dispositivos de “primeira descarga”, conforme descrito por RUSKIN (2002), que joga fora os 
primeiros litros de água de chuva coletados;  verificação de rachaduras; problemas com as 
tampas e possíveis entradas de contaminantes; cuidados com a operação de retirada da água 
da cisterna para consumo, evitando-se o uso de baldes e cordas; telamento de todas as áreas de 
entrada ou saída da cisterna, são medidas básicas que devem ser adotadas pelo usuário da 
cisterna, na busca da manutenção da qualidade da água armazenada. 

No entanto, mesmo adotados todos estes procedimentos, é prudente tratar a água da 
cisterna antes de usá-la, principalmente nos  casos em que não se tem a garantia de que a 
cisterna é abastecida apenas por água de chuva, ou que não se tenha a garantia da potabilidade 
da água de carros-pipa, adotando-se a filtração e a desinfeção como métodos de tratamento. O 
TEXAS GUIDE TO RAINWATER HARVESTING (1997) recomenda a filtração e alguma 
forma de desinfeção como tratamento mínimo da água para ser usada para consumo humano, 
podendo ser usado o processo de fervura da água durante cerca de 5 minutos. 

O processo de filtração pode ser realizado no ponto de entrada da água na cisterna e/ou no 
ponto de saída ou uso da cisterna. No primeiro caso, podem ser utilizados filtros simples de 
areia e cascalho; já no ponto de saída, RUSKI (2002) recomenda filtros como o de sedimentos 
e os de carvão, que utilizam camadas de cascalho, carvão pisado em pó,  areia fina e areia 
grossa, adequadamente dispostos em camadas. 

A desinfeção é um processo físico de destruição de microrganismos presentes na água, 
que, mesmo filtrada, ainda pode contê-los. O processo mais comumente utilizado é a Cloração 
que usa o cloro como agente desinfetante, por ser um método simples, mais econômico, de 
fácil disponibilidade, pela solubilidade do cloro na água, por períodos mais prolongados de atuação e pela excelente eficiência no controle de doenças transmissíveis pela água. A 
cloração da água da cisterna pode ser realizada com o uso de cloro líquido, como o hipoclorito 
de sódio encontrado na água sanitária ou produtos de cloro sólido como o hipoclorito de 
cálcio, em grânulos e em pastilhas ou tabletes. A eficácia da cloração depende de fatores 
como: o tempo de contato do cloro com a água, que deve ser de, no mínimo, 30 minutos; o 
cloro residual livre, que em soluções alternativas de abastecimento é de 0,5 mg de cloro por 
litro de água, após ter recebido uma dosagem de 2,0 mg/L durante a cloração; e a turbidez da 
água, a qual deve ser de no máximo 1 UNT (unidades de turbidez). 

É importante salientar que a utilização da  cloração, embora seja de fácil aplicação e 
eficácia na prevenção de doenças de transmissão hídrica, pode originar a contaminação da 
água por trihalometanos (THMs), que são subprodutos cancerígenos, resultantes da reação 
química do cloro com substâncias orgânicas em decomposição, como restos de folhas, restos 
de animais mortos e matéria fecal. Assim, considerando também a eficiência do cloro em 
função da turbidez, torna-se ainda mais importante a utilização de barreiras físicas na cisterna, 
bem como a realização do tratamento por filtração, antes do tratamento da cloração, a fim de 
evitar a presença de matéria orgânica na água e, consequentemente, os trihalometanos, após a 
desinfeção. 

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