As
gestões municipais, principalmente as dos pequenos municípios, dependentes de
repasses estaduais e federais, diante da crise financeira mundial, da lei de
responsabilidade fiscal, da lei de transparência, do avanço tecnológico que
aproximou o modo de vida dos pequenos municípios aos dos grandes municípios
brasileiros e de outras regiões do mundo, dentre outros fatores, estão sendo encaminhadas para o inevitável "choque de gestão".
Os gestores estão sendo forçados a procurarem novas
maneiras de encarar o eleitor , novas maneiras de se contratar serviços, novas
maneiras de fazer "gastos", novas maneiras de se relacionar com os
funcionários, novas maneiras de se relacionar com os cidadãos em
geral, a economizar nos supérfluos para manter bem os serviços essenciais ao bem comum.
Portalegre-RN está sofrendo o tal choque neste momento. Para mim que morei vinte cinco anos
na Grande Capital, que raramente via os candidatos e os gestores frente a
frente, avaliava e escolhia meus candidatos apenas por suas obras, encaro o
choque de gestão com mais naturalidade.
O que
importa para mim são as obras e as ações que traz melhoria para todas as
classes, quando a escola vai bem para todos , eu vou bem; quando o
abastecimento de água vai bem para todos, eu também vou bem; quando as ruas e
as estradas rurais vão bem, eu vou bem; quando o turismo vai bem eu vou bem; e
assim por diante. Penso e luto pelo bem comum para atingir o bem individual.
O grande
problema é que aqui em Portalegre-RN culturalmente a coisa é diferente. A
campanha é muito próxima, o eleitor fica cara a cara com o candidato, o voto
está em sua maioria vinculado a um benefício particular. O município passa por uma fase de transição com o novo se chocando bruscamente com o tradicional.
De um lado uma grande maioria que
quer as coisas como antes: “eu voto se me “deixar trabalhar em tal local”, "eu
voto se arrumar uma coisinha para mim”. Cada um que se vire, chora menos quem
pode mais, quem tiver mais próximo do gestor, defendendo-o e perseguindo
qualquer um que se oponha a alguma ação do gestor , leva vantagem.
De outro lado há um pequeno
grupo, que apesar de pequeno pode mudar os rumos de uma eleição.Que está
amparado pelas leis, que reivindica uma administração equilibrada, voltada para
as obras que beneficie ao bem comum. Que reivindica uma gestão que proporcione
boa educação, lazer, trabalho, saúde, melhor distribuição de renda e
transporte, tanto no campo quanto na cidade.
Nesse
sentido o gestor atual passa por um desafio enorme, se continuar como antes, só
vai agradar uma parte da população, dificilmente cumprirá com a lei de
responsabilidade fiscal e dificilmente se reelegerá ou elegerá um sucessor. Se
agradar aos anseios da minoria que pede mudanças e que visa o bem comum,
cumprirá a lei, mas corre o risco de mesmo assim não alcançar sucesso nas
próximas eleições.
No
entanto, trabalhando para o bem comum desde o começo, ao final da gestão, individualmente
a maioria poderá está se sentindo beneficiada e a eleição poderá ser garantida. Eu, no lugar do gestor, ariscaria investir pesado no bem comum e no cumprimento da lei. No mínimo traria economia com advogados e tranquilidade para a consciência.
Hoje eu
estava pela manhã em uma residência e uma garotinha entrou com trajes escolares,
a mãe disse: "já chegou", a menina respondeu "saímos mais cedo, não teve merenda". Ontem, no Genipapeiro, vi um grupo de alunos visivelmente
cansados e irritados, andando pelas estradas esburacadas. Perguntei: "o que foi
isso? “O motorista disse que as ordens eram para deixar agente no pé da
ladeira, para dar tempo para ele pegar outra turma. chegamos atrasados
na aula porque o ônibus atrasou. Como é que vamos aprender, passando por um
estresse desses? disse um dos alunos.
Choque de gestão" no local errado. Economiza-se em
outras coisas menos importante para que nessa área preferencial não falte
nada
Semana
passada eu ouvi uma pessoa reclamando que o Prefeito havia cortado energia de
um colégio abandonado, deixando um rapaz que morava lá, clandestinamente, nos escuros.
Choque de gestão no local correto,
cortar abusos e supérfluos para atender os serviços de importância ao bem
comum.
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