Numa visita ao Jenipapeiro, com um olhar crítico, tentando levantar as dificuldades daquela região, eis que me deparo com mais um descaso com os moradores da zona rural de Portalegre.
A Escola Estadual de Ensino Fundamental, do Jenipapeiro, onde iniciei o aprendizado de leitura e escrita, onde dei meus primeiros passos rumo ao infinito caminho do saber, está desativada, abandonada, sendo usada como moradia improvisada.
Ouvi de um morador local que faz tempo que ouve a desativação da escola, que o espaço ainda foi usado pelo PETI, mas ao que parece também foi desativado dali.
E a população protestou?
E os vereadores tentaram ou ainda tentam com seus contatos com representantes do Governo do Estado a reativação com qualidade dessa escola?
E o ministério público foi acionado?
A coisa acontece mais ou menos assim: O governo NÃO investe na educação, no lazer, na mordia, nas estradas, na condução, na saúde em uma determinada zona rural. Sem amparo, inicia-se a saída dos moradores, que vão para as cidades em busca de estudo, emprego e melhor condição de vida.
Fica um pequeno grupo de pessoas formado por aqueles apaixonados pela terra em que nasceu; por aqueles que mesmo querendo não tem coragem de sair; e por aqueles que não tem condições de sair.
A situação desse pequeno grupo, geralmente desarticulado, desinformado, dominado por políticos locais que os mantém refém de migalhas, tende a piorar porque quando muda o governo este tende a investir em áreas mais povoadas onde tem mais voto. É o tal do "custo benefício".
E as cidades? Lotam. Sobe o custo e vida, pois quem tirava seu sustendo do campo agora compra seu alimento no mercado aumentado a procura. Aumenta o desemprego e a violência. Não há vagas em hospitais e escolas. A poluição toma conta...
E os maus políticos continuam alimentando a roda que alimenta seu mundo imundo: não investe nas estruturas básicas gerando caos, no meio do caos aparecem com "projetos salvadores" (desviadores de verbas, mal elaborados) "gastando" (dividindo) o dinheiro dos impostos com empresas e pessoas de seu ciclo de amizades.
E o que fazer povão? Abrir os olhos e cobrar investimento nas estruturas, vigiar e exigir que o dinheiro público não seja gasto e sim investido. Gastar é bem diferente de investir. Por exemplo: comprar milho e feijão e distribuir para a população carente é gasto; arrumar as estradas rurais, melhorar as escolas, criar sistemas de irrigação e emprestar sementes para os pequenos produtores é investir.
Veja o resultado do gasto, segundo o exemplo acima: usa-se o dinheiro dos impostos para comprar milho e feijão, população come, pede mais, mais gastos, menos produção, menos arrecadação, menos renda, mais miseria.
Agora veja o resultado do investimento, ainda segundo o exemplo acima: investe-se na estrada, na educação, no sistema de irrigação e emprestaram-se as sementes. As famílias produzem, devolvem a semente, vende parte da produção, gera renda e aumenta a arrecadação de imposto, diminuiu a miséria, sobra dinheiro para mais investimento, tanto privado quanto público. .
De volta à escola, diante do exposto acima, vale à pena lutar pela reativação com qualidade das escolas rurais?
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