Governo investiga causas do apagão no Nordeste
Dilma soube pela internet e avisou ministro Lobão. Falha em subestação de energia em Pernambuco é o principal motivo para apagão
O governo ainda investiga as causas do apagão que deixou os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe às escuras na madrugada desta sexta-feira. A interrupção começou à 0h08, no horário de Brasília, e rede foi completamente restabelecida às 5h.
Apagão causa transtornos
A presidenta Dilma Rousseff ficou sabendo do apagão ao ler notícias em portais de internet. Foi ela quem ligou para o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, e o informou sobre o caso. Na sequência, começou a despachar e entrou em contato, por telefone, do gabinete, com especialistas do setor elétrico, segundo relataram fontes do governo ao iG.
Edson Lobão foi escalado para falar sobre o incidente e, em entrevista coletiva à imprensa, disse que ainda não há explicações definitivas. A causa mais provável, diz ele, é que uma oscilação na corrente da substação de São Luiz Gonzaga, no município de Jatobá (PE), tenha acionado o mecanismo de proteção do sistema, que se autodesligou para evitar danos. Contudo, ele não descartou falha humana para o incidente.
“[Por um motivo desconhecido] Um circuito do linhão (de São Luiz Gonzaga) se desligou. E a mão humana foi religar. Nisso, o outro linhão também se desligou, houve uma rejeição da ação mecânica daquele momento, desligando a outra linha. E o sistema entendeu que havia uma anormalidade, como se fosse uma sobrecarga, e se protegeu desligando-se”, disse Lobão.
Segundo ele, na segunda-feira, será realizada uma reunião entre todos os órgãos federais ligados à energia elétrica para que sejam determinadas as causas exatas do blecaute.
O ministro acrescentou também que problemas menores com o sistema de segurança da rede acontecem com certa frequência, mas com consequências menores. “Muitas vezes nem percebidas.”
Lobão ressaltou que os equipamentos utilizados são novos e minimizou o apagão, dizendo que "acontece em todos os países do mundo”. Ele enfatizou que, por ter ocorrido de madrugada, o impacto junto à sociedade foi menor.
O presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) - responsável pela distribuição de energia na região -, Dilton da Conti, disse ao iG que o restabelecimento de energia no Nordeste aconteceu "no menor tempo possível". "Em situações como essa não se liga seis máquinas de uma vez, mas uma de cada vez", afirmou Conti. "O entendimento da empresa é que a prioridade é o restabelecimento, que foi o possível no menor tempo possível."
Transtornos e motim
Por conta do blecaute, que durou boa parte da madrugada, diversas ocorrências foram registradas no Estados atingidos. No Recife (PE), detentos do presídio Aníbal Bruno aproveitaram a falta de luz para atacar grupos rivais. Um homem foi morto a facadas e outro ferido a tijoladas. Ele está internado, mas não corre risco de morte. O local possui capacidade para 1.400 vagas, mas está atualmente com população superior a 4 mil homens.
Em Olinda, na região metropolitana do Estado, um grupo ateou fogo em pneus na avenida Presidente Kennedy, uma das mais movimentadas da cidade.
O hábito de ler o jornal pela manhã também foi interrompido por boa parte dos leitores do Recife e de cidades próximas. Com o apagão, a impressão dos jornais foi interrompida e desencadeou atrasos às entregas.
Em Salvador (BA), o serviço de emergência da Defesa Civil informou que recebeu inúmeras ligações de pessoas que não conseguiam se comunicar com a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) para esclarecimentos. “Está pior do que em dia de chuva”, afirmou um atendente da Defesa Civil à reportagem durante a madrugada.
Pelo Twitter, serviço de redes sociais da web, o termo "apagão" rapidamente tomou conta das mensagens e por volta da 1h (horário de Brasília) já constava na lista mundial de termos mais citados. Internautas reclamam principalmente do calor e da dificuldade para conseguir dormir.
*Com reportagem de Andréia Sadi e Severino Motta, iG Brasília; Renata Baptista, iG Pernambuco; Thiago Guimarães, iG Salvador; e Sabrina Lorenzi, iG Rio de Janeiro
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